É possível mesclar poesia com oceanos
através do peixeiro letrado:
“A poesia
é o plâncton do planeta,
e dispersa na água
ora salobra, ora doce,
ora correnteza de um texto
deixa certezas nesse mundo”.

É possível mesclar a poesia com peixes
através da proliferação dos nomes:
“Eu vejo o Peixe-Boi, o Vermelho, o Leão, o Cascudo,
o Bandeira,
o Atum Azul do Pacífico,
mas somente a poesia
é o ser abissal,
cria sua própria luz, ilumina um caminho
e atrai as presas com sua profundeza”.

É possível mesclar a poesia com um peixeiro
através do seu verso frio:
“O peixe dorme no gelo do supermercado
E você , peixeiro, teu poema proclamas,
raspa dele o vocábulo gelado
tira deste peixe,
antes da entrega,
o que foi refrega, o que seriam escamas”.

Do livro: O último foguete