Efuturo: O Peão (T63)

O Peão (T63)

Toca a boiada o grande peão. Leva-o pelo sertão afora, sertão de terras áridas e sol intenso. Está satisfeito, é o que gosta é o que sabe fazer.
O sol se põe dando lugar à lua e às sua acompanhantes, as estrelas. Céu límpido, sem poluição, longe de qualquer civilização, e lá está o peão e seus companheiros de viagem, os bois. É solitário na estrada, é solitário na vida , é o último remanescente dessa escassa profissão. Faz uma serenata ao som de sua viola e à luz da chama da fogueira e tem como suas únicas testemunhas a lua e as estrelas . Pega de sua trouxa que estava no cavalo, estende o cobertor e deita, para ver se com o sono esquece os problemas que vai enfrentar no dia seguinte.
Já nasce um sol quente e forte e nosso peão arruma as coisas, é hora de partir. Depois de uma longa batalha chega ao seu destino final, entrega a carga e recebe o soldo de seu trabalho árduo e suado. Monta em seu belo cavalo e só pensa quando será o próximo serviço, já que em tempos de progresso a profissão de peão foi substituída pela máquina das estradas.


Alexandre Brussolo (14/07/1992)