Efuturo: Estilhaços

Estilhaços

De frente com a tela do computador e com os olhos em lágrimas, eu quero dizer o tanto do amor que eu sinto por você.
Quando eu poderia imaginar que dentro de mim eu pudesse nutrir amor por alguém, depois dos estilhaços todos de uma vida quase inteira de desamores.
Como foi difícil chegar até aqui e abrir meu peito pra você, na verdade eu abri a minha alma, rasgada, picotada em milhões de pedaços, eu quis construir um espaço novo e limpinho pra você entrar, e eu queria tanto que tivesse gostado e ficado confortável e sorrisse.
Eu quis muito que você morasse nesse espaço onde plantei esperanças, coragem, sorrisos, carinhos, consolos, eu plantei amor sabe?!
Agora tudo está secando à minha volta, está tudo tão opaco e sem vida, todas as plantas morrendo.
E você nem sequer quis conhecer quando tudo estava bonito, não quis tirar os sapatos e entrar, nem sentiu a energia da terra entrando pelas solas dos seus pés.
Você por um motivo mais forte não pode entrar, mas como diria Caetano: “Não tem revolta não...”
Não poderia desejar à você menos que amor na sua trajetória, porque você é amor aqui.
Hoje ouvindo Amelie Comptine d'un autre été, meus olhos não aguentaram o peso do meu coração e choraram, eles ainda choram aqui, enquanto marco você em meus escritos.
Talvez eu demonstre que sou mais físico que alma, mas no fundo você sabe que sou tão emotiva quanto uma cantora de ópera em dia de estreia.
Eu extravaso.
Sei que te assustei, eu me enxergando através do seu olhar, também me assustaria e até fugiria se fosse você.
Mas eu só queria ter tido uma chance sutil de acompanhar você nesse espaço que reformei pra você.
Reformulei todas as minhas ideias e velhos conceitos pra te receber.
Não consegui te convencer.
Talvez tenha sido o melhor pra mim e pra você.
Eu entendo.
Vou recolher as plantas secas, as flores mortas, a água turva que eu queria te banhar.
Limpar a poeira, tirar as folhas craqueladas do chão, tornar o espaço vazio.
O espaço do meu coração.