Efuturo: Viva a vida vovô

Viva a vida vovô

Viva a vida, vovô!

Viva a vida
Viva a esperança
Viva alegria
Viva a lembrança
Lembrança que um dia
Já fostes criança
Tornou-se um jovem
Tão másculo e fortão
Andava a galope
Em seu alazão
Mexia com as moças
Contava piadas
Fazia serenata
Para as namoradas
Acordava tão cedo
Fazia o café
O sol nem saía
Já estava de pé
Trabalhava pesado
Com a inchada e um facão
Com chuva ou sol
Moleza não era não,
Voltava à tardinha
A botina tirava
Com as mãos calejadas
Mas não reclamava
É... Mas o tempo passou
Que tempo cruel!
A idade avançou
O corpo murchou
O vigor acabou
A saudade ficou.
Saudade de um dia
Que fostes tão forte
Viril, tão vistoso
Nem pensava na morte
Mas a pele enrugou
A coluna entortou
E a sua saúde, que pena!
Mui frágil o deixou;
Seus olhos tão tristes
Olham pela janela
Lembrando que a vida
Parecia aquarela
Tudo era mais fácil
Sem dor, sem enfado
Agora sem ânimo
Aguarda calado.
O dia esperado
Para estar do outro lado;
Vovô tão cansado, sem motivação
Não conta mais causos
Falta-lhe inspiração;
Vovô que outrora
Sentava ao meu lado
E contava história
Braços tão carinhosos
Me davam abraços;
Sei que os seus dias
São agora contados
Minutos, segundos
Tão rápidos passados;
Quero estar com você
Enquanto viver
Enquanto os meus olhos
Ainda podem te ver!