Efuturo: O BAILE DO JACARÉ

O BAILE DO JACARÉ

Queria a cobra Marizé
Dançar como Salomé
No baile do jacaré
Ao descer a maré.

Mandou fazer um vestido de chita,
Essa cobra exibida,
Igual ao que viu na revista
Desenhado pelo estilista

Um velho pavão vaidoso.
E ficou tão horroroso,
Amarfanhado e volumoso,
O vestido que seria formoso

Se não fosse a fraca visão
Do costureiro corujão.
Marizé rolou pelo chão,
Até disse um palavrão.

Mas de nada adiantou,
Estragado o vestido ficou,
No alagado ela o jogou,
E para longe a maré o levou.

“Marizé, tu não necessitas,
De nenhum vestido de chita
Porque tu és tão bonita
Com essa pele cheia de pintas.”

Foi o que disse o chimpanzé,
Agarrando o cipó com o pé,
Para descer à beira da maré
Onde rolava o baile do jacaré.

Maria Hilda de J. Alão