Efuturo: VERSOS A MEU IRMÃO MORTO

VERSOS A MEU IRMÃO MORTO

VERSOS A MEU IRMÃO MORTO
(à memória de Antônio Alexandrino)



Ví teu corpo inerte na urna fechada
Naquela tarde tão quieta e sombria,
E na sua fronte agora mudada,
Uma calma serena se transparecia.

Nas mãos enregeladas se observava
Constante repouso no peito, esquecidas;
Nas feições suaves breve se notava
Todo o abandono das dores sentidas.

Partiste irmão! Senti tua partida!
Lágrimas no meu rosto teimosas rolaram;
Tão só na meia idade tu deixaste a vida...
- os cordéis da morte depressa a laçaram.

Fostes neste mundo firme e decidido,
Lutou com afinco, suportando a dor
E pelo desânimo jamais foi vencido
E agora, Deus sabe, serás vencedor?

Galgaste os degraus da curta existência
Impelido por um ímpeto batalhador;
Viveste juntos aos pais com muita paciência
Aos teus irmãos jovens, dispensando amor.

Também neste espaço, a ti, agradeço
O calor humano que rendeste a mim:
Até o alfabeto, desde o seu começo,
De ti foi legado – infante jardim.

Tiveste otimismo em lutar pela vida,
Talvez aguardaste a hora fatal...
A vontade santa em ti, foi cumprida,
E ficaste livre do terrível mal!

Partiste irmão! Deixaste saudades
Dos filhos e esposa; também dos teus pais;
Agora as lembranças persistem debaldes
Da saudosa ausência, para nunca mais!

Francisco de Assis Silva