Efuturo: NATAL DO MENINO DE RUA

NATAL DO MENINO DE RUA

Tem negro o curto cabelo,
Veste andrajo em desmazelo,
Nasceu em humilhante pobreza
Sem casa vive na natureza.

Descalços tem os pés ligeiros,
Fala vocábulos grosseiros.
Lascivo, ele olha as meninas,
Como se fossem prostitutas finas.

Mas sonha uma vida diferente,
Quer correr de tão contente,
Conhecer lugares singulares
Sem a polícia nos calcanhares.

Hoje a alma está em pedaços
Por não ter dois ternos braços
De uma mãezinha neste Natal
Pois conhece seu destino fatal.

Sai com o coração apertado
Recolhendo as sobras do pecado
Da gula de muitos comilões
Deixadas nas calçadas e nos lixões.

É Natal. Chora Jesus na sua noite
Por ver tanta dor, tanto açoite
Pois todo aniversário deveria
Ser comemorado com alegria.

(Maria Hilda de J. Alão)