Efuturo: SILENCIO

SILENCIO

Quando se percebe no ar
Uma brisa rasteira
O silêncio a imperar
Nos olhos, negra viseira.
Parece que o mundo morre
Que nada mais se move
Nem água tem som nas cachoeiras.

Vento que passa sem tom
Pássaros tristes sem trino
Passos na rua sem som
Igrejas sem badalar os sinos
Chega me dar arrepios
Sentir este vazio
Do qual busco fugir com afinco.

Vozes que ficam encalhadas
No emudecer das gargantas
Pulso em frequente parada
No peito, coração descansa.
Chuva não percebida
A escorrer pelas avenidas
Mas som nenhum arranca.

E neste mar sem barulho
Eu também me encontro
Já que som não escuto
Me calo, e pronto.
Me encolho ante o silêncio
Calado ficar eu pretendo
E desfrutar do descanso.

Ladislau Floriano.