Efuturo: Nuvem de gafanhotos tecnológicos

Nuvem de gafanhotos tecnológicos

O ser humano supostamente ocupa o topo da cadeia alimentar por ser a única espécie conhecida do planeta considerada racional. Por eles mesmos. Por aparentemente dominarem o ambiente e torna-lo seu habitat natural, cientificamente explorando novas possibilidades com o intuito de evoluir a qualquer custo, mesmo que seja destruindo o habitat de outros seres, dizimando a muitos, inclusive aos seus pares, impiedosamente.
A sensação de poder, o dinheiro como principal arma de sedução, a fraqueza de uma enorme maioria que se encolhe e aceita as migalhas do que realmente merecem por direito equânime.
A água, por exemplo, engarrafada e vendida. Um bem natural apossado pelos espertos dispostos a matar e a morrer pelo vil metal, inconscientes do valor mínimo para sobreviver lá embaixo, sem eletricidade, sem esgoto, sem educação, sem trabalho, sem dignidade, sem sonhos.
Destroem a tudo o que encontram como uma nuvem de gafanhotos impiedosos, e depois, em terra infértil, inventam um novo uso tecnológico que magoará o planeta e destruirá mais seres, inclusive humanos, para sustentar a sua sede por poder.
O ser humano não está no topo da cadeia alimentar por ser racional, porque não o é. Nunca o foi e jamais o será! É irracional, cruel, e ainda não foi extinto por uma simples razão: são extremamente adaptáveis. Sim, conseguem usar de resiliência para tirar algo de onde não existe, e assim sobrevivem um dia a mais. Todos fazem maldades, mesmo os desgraçados aos ainda mais desgraçados.
E orgulhar-se de ocupar o topo da cadeia alimentar não parece que durará muito tempo, pois eles mesmos estão se encarregando de criar vírus, doenças letais invisíveis, robôs, tecnologia invasiva e fria disposta a regular toda a vida, e acreditam que não serão afetados, manterão o comando e o controle, embebedados irremediavelmente pela sede insaciável de poder, buscando encontrar a vida eterna custe o que custar, incluindo as próprias vidas.
Será que olham à própria volta nesse momento e se sentem confiantes? Brindam com uísque contando os mortos? Como dormem? Quais são os planos para a retomada dos parâmetros pós destruição da vida como a conhecemos? Estarão eles preparados e sobreviverão? E caso sobrevivam, poderão ser chamados de seres humanos?

Marcelo Gomes Melo