Efuturo: Do modo deles, quando vier

Do modo deles, quando vier

Os meus tempos são feitos por mim, praticamente. Eu não tenho habilidades especiais para perceber o que gira ao meu redor, então posso ser considerado incapaz, ingênuo, distraído ou burro, dependendo de quem julgue. Atenho-me aos fatos superficialmente, profissional em cuidar de coisas pequenas, sem aparente importância, e jamais ousar me aprofundar na psique humana, pois o mistério assusta, e a cada camada em que se penetra, a filosofia toma conta e lhe escraviza invariavelmente.
Perseguir moinhos de vento, como Dom Quixote, ou descobrir o sentido da vida é a mesma coisa, uma razão para preencher uma vida vazia, buscar ritmo e calor em um mundo que cada vez mais se torna artificial. Vale a pena torturar-se por algo que desconhece, ou ansiar por ilusões sem provas de existência?
O tempo prega peças, faz com que se veja em locais diferentes e acredite em scripts que permeiam a sua existência. De vez em quando, em um deja vu, desconfia estar em local incerto e não sabido, ou até em lugares onde já estiveram e não deveriam ter estado.
Para isso existem as pessoas como eu, lógicas, extremamente distraídas a ponto de ignorar o óbvio e não se meterem nos mistérios amontoados nos cantos dos olhos, no âmago da mente, capazes de fazer alguém presumir coisas sem explicação e mudar uma rotina tranquila para o caminho da loucura. Melhor não arriscar.
A visão estreita causa menos problemas do que as mentalidades abertas, hipocritamente exaltadas, egoístas e aterrorizantes, existentes para acabar com o equilíbrio e destruir padrões, como se fosse virtude, mas carregando com isso inúmeras vidas inocentes, que acreditam morrer por algum ideal viável, mas são apenas patinhos inocentes enganados e fragilizados, banhados com uma ignorância tão grande que julgam ser iluminação. Assim surgem as grandes desgraças, através de fé cega em coisas inexistentes; na perseguição a invenções tão bizarras que beiram o real, e inserem loucuras em cérebros vazios, prontos para revirar o mundo r mudar as regras por pura estupidez.
O tempo não pode ser controlado, a não ser o tempo que lhe pertence, dentro do tempo; isso o fará um estranho no ninho da vida, e um lutador no ringue dos ineptos a seguir as regras predeterminadas para todos.
Viva ao seu modo com isso. Aceite a morte do modo deles, quando vier.

Marcelo Gomes Melo