Efuturo: MIL PERDÕES

MIL PERDÕES

Como explicar minha inquietação?
Como superar esta ansiedade?
Talvez declarando:
eu me perdoo
e minha culpa é imensa!
Minha culpa é tão grande quanto a fatalidade,
vibrando em seu instante de ruína
ou mais ainda,
falha do mecanismo
de um trem-bala em uso,
quando sobra apenas a bala.

Como explicar meu enguiço?
Como superar minha aflição?
Talvez afirmando:
eu me perdoo
e minha culpa é imensa!
Minha culpa é tão grande quanto o inevitável,
morte de um corpo anoréxico,
cadáver que não retribui beijo de adeus
ou mais ainda,
falha do mecanismo,
de um trem-bala em uso,
quando sobra apenas a bala.

Como perdoar este dolo,
esta culpa sem sentido?
Talvez garantindo
eu perdoo o que sou
e minha culpa é imensa.
Recebo assim o meu indulto,
recebo a graça que vence na fecundação,
formará o zigoto,
e eu retornarei
para me restaurar então.

Nesse momento sou o gameta
notável gameta, novo trem bala
a bala exata
na exata cabeça.