Efuturo: O CÉU DAS ESTAÇÕES - Crônica escrita em 2017

O CÉU DAS ESTAÇÕES - Crônica escrita em 2017

Quando falamos das estações no ano, logo lembramos suas principais características. O calor do verão. O frio do inverno. Flores e perfumes da primavera. O dourado das folhas caindo do outono. Em proporções distintas, todas elas têm seus fãs.

Entretanto, o verão e o inverno possuem outra característica que por diversos motivos poucas pessoas conhecem. Para percebê-la é preciso olhar o céu. Quem olhou para o céu em qualquer noite do último mês levante o dedo. Se você não levantou o dedo, não vou culpá-lo.

Não é só nas metrópoles das selvas de concreto que o céu tem se tornado cada vez mais invisível. Nos pequenos centros urbanos já acontece o mesmo. Se isto não bastasse, a tecnologia faz uma pergunta: Por que vou erguer meus olhos para o céu, se posso mantê-los no celular, no iPhone?

Se não existissem calendários marcando o início as estações, quando a pino duas constelações facilmente reconhecíveis nos diriam que uma nova estação estaria começando. Escorpião no inverno. Órion no verão. Conta a lenda que Órion o caçador, está na sua eterna caçada ao Escorpião. Quando um vem surgindo no céu do leste, o outro vai sumindo o céu do oeste.

O inverno nos dá muitas chances de apreciar um céu estrelado. Além de Escorpião com sua estrela alfa Antares 880 vezes maior que o sol e do Cruzeiro do Sul, as formas leitosas da Via-Láctea são facilmente visíveis. Por quase duas décadas me deliciei com noites assim, quando voltava a pé para casa após às 21 horas.

Só que as noites estreladas de inverno, nem de perto se comparam com as noites estreladas de verão. Uma das minhas poucas tristezas é saber que noites estreladas durante o verão são raras. Pelo menos aqui na Região Norte de Santa Catarina.

Olhar para o céu de verão e encontrar Alnitak, Alnilam e Mintaka, popularmente conhecidas com “Três Marias” é como estar olhando a fivela do cinturão de Órion. Isto sem contar o espetáculo cintilante das estrelas azuis que formam as Plêiades.

Assim como Carl Sagan escreveu em “Cosmos”, eu também gostaria de saber o que nossos ancestrais pensavam, quando ao redor das fogueiras olhavam para o céu tentando entender aquilo, de um jeito que nunca mais poderemos olhar. É fato que evoluímos. O que não significa saber tudo sobre as estrelas.

Eles eram pontinhos no Universo. Nós também somos. Podemos ter uma noção do gigantismo que nos rodeia. As estrelas que formam as Plêiades estão distantes de nós 444 anos-luz. Isto equivale dizer, a luz do cintilar que vemos hoje saiu de lá por volta de 1570. O Brasil acabava de ser descoberto. Perturbador, e ao mesmo tempo fascinante!