SAUDADE ATO QUATRO
SAUDADE ATO QUATRO
Morar em São Paulo no verão correto
é trazer malas interiores e deslizes carregados.
Seria amor no espaço de um céu menor,
na vaga do casal faltante, do momento discreto.
Estar juntos até o golpe da velhice,
até mirar o seu rosto no retrato sobre a cômoda,
eu me paraliso anciã sobre a cama da saudade
zelada por filhas, cativas da meiguice.
Há tantos doces no café servidos aos santos.
venceríamos por nossos sonhos,
por nosso passado, por olhos de lua e mantos.
Mas se perco teu rosto, se não sinto o sol,
se atravesso árvores sem amanhãs
como me acho nas vísceras lívidas deste caracol?
DE PAULO FONTENELLE DE ARAUJO