Efuturo: As Aventuras de Louidi [Em breve Clube de Autores]

As Aventuras de Louidi [Em breve Clube de Autores]

ERA UMA MANHÃ CHUVOSA DE DOMINGO. E mais uma vez se comprimia debaixo dos cobertores. Sua mãe Clara acordava para mais um fim de semana com o pai. Seus cabelos lisos e claros, sardas suaves acima do nariz e um bocejo preguiçoso.
Seus pais eram apenas dois amigos e nunca vira por perto como todos os outros pais. Ele não tinha mais que sete anos de idade e sentia que aquela situação era diferente dos outros amigos da escola.
Em sua casa pintava o tempo inteiro, sua mãe era uma maravilhosa artista e na casa com o pai ficava receoso com os irmãos mais velhos, Dimi e Lara que eram adolescentes. Só com a Laura que gostava de brincar.
Quando chegava logo ela dizia. – Oba! Vamos brincar de tic tac?
Seu pai tinha outra família e ele fora um menino que seu pai e sua mãe diziam que aconteceu numa aventura.
Louidi pensava muito sobre isto, mas adorava brincar com Laura no ateliê do pai. Ele era um homem importante, dizia Louidi porque consertava as horas, os relógios e o tempo.
Muito pequeno, mas inteligente. Contava as horas e olhava os relógios nas paredes já funcionando e ficava maravilhado.
- Pai, por que os números tem que ficar assim?
- Como assim, Louidi?
E Louidi fazia um círculo com as mãos contando doze, um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze.
Seu pai deixava para ver se ele conseguia afinal ele sabia contar desde os quatro anos de idade. E já escrevia também os números por extenso. Da forma como dizia, às vezes engolindo letras. Mas, era divertido fazê-lo devolver para as palavras.
Laura era mais nova um ano e meio e adorava ficar horas brincando no ateliê. Mexendo e mexendo até se cansar.
A casa de seu pai ficava numa estrada velha com a cento e um e tinha que viajar quase uma hora de trem para voltar. Em Lagostinha uma cidadezinha gostosa para se aventurar. Tinha muitas praças e brinquedos a vontade, mas um fim de semana passava tão rápido que gostaria que todos pudessem morar juntos. Não entendia porque não podiam. Pelo menos, quando seus pais se encontravam não brigavam, nem nada, apenas um aperto de mão e um beijo no rosto. Louidi achava que era o suficiente.
A esposa de seu pai, a senhora Isabel era bondosa, mas às vezes diferente.
De vez em quando do nada ela chorava e depois disso ele tinha que ir embora, não entendia porque todas às vezes a culpa era dele.
Na maioria das vezes nem tinha quebrado nada e não estava fazendo trapaças, como Dimi dizia. Era sempre a culpa dele.
De volta pra casa pegou sua mochila e deu um beijo em Isabel. Despediu-se de Dimi e Lara. E abraçou a pequena Laura e uma risada altiva saiu dos dois.
- Vamos brincar de outra coisa quando eu voltar. – Dizia Louidi.
- Vamos.
E uma risada gostosa contagiou todos os outros.
Seu pai abraçou-a e deu um beijo na esposa. Tinha que fazer uma pequena viagem não muito demorada. Viria na segunda-feira de manhã. Desta vez, e de muitas outras não gostava de ir de carro. Porque sabia que Louidi merecia isso, ele adorava os trens e tudo que podia fazer para vê-lo feliz ainda era pouco demais. Ele queria mais que isso, mas era uma situação delicada.
O trem passava às cinco em ponto na plataforma onze.