Efuturo: Primeiro Capítulo [livro A Magia dos Sonhos]Clube de Autores.

Primeiro Capítulo [livro A Magia dos Sonhos]Clube de Autores.

Capítulo I

O deus Oguaro... Deus do interespaço. Que separa do mundo físico para o mundo irreal. Que leva os corpos iniciantes ao seu mundo particular para mostrar tantas grandezas que neste mundo real jamais poderia existir.
Apenas com o corpo submerso e a mente em perfeita harmonia poderíamos mergulhar neste oceano de cubos de gelos tão perplexo!
Em outrora pude apenas observar a beleza das cores e a complexidade de coisas que jamais poderia descrever.
A água toma forma em minhas mãos, as cores realçam com o estalar de pensamentos, tomo o alcance de cada coisa que quero apenas com a imaginação.
Só de uma coisa fiquei com receio. Entrar no cubo para mergulhar na terceira dimensão. Não conheço bem o caminho da anterior, então é arriscado ir para caminhos desconhecidos. Tento fixar caminhos existentes para me lembrar, aí eu poderei seguir sem medo de que irei voltar.
Começo então, a criar bloqueios para não achar que estou num mundo real e que permaneço no mundo irreal e que aqui existem milhares de regras para continuar viva no mundo físico.
É complicado o mundo dos sonhos, aprazível e temido quando se entra pelo portal de chifres. Cada toque ou olfato pode se confundir com nosso mundo e talvez libertar os demônios da imaginação e nunca mais voltar pra este mundo que dizem que somos mortais e reais ao longo de nossa história.
O que faz de nós sermos mortais? E tudo que tocamos ou sentimos? — Será que não é só nossa imaginação que dá sabor as coisas? E o que é bom ou ruim? Apreciamos coisas das quais detestamos e nem por isso evitamos. Fazemos coisas sabendo que estamos infringindo os dez mandamentos. Mas, fazemos assim mesmo. Não evitamos e consumamos com consciência disso.
Será que seremos perdoados? Nossas dúvidas nos levam para os portais de Marfim, onde podemos refletir nossos erros e mudar um possível futuro.
Embora o portal de chifre seja o oposto. Não podemos mudar o que já está escrito; o que já foi conferido pelos deuses do mundo paralelo.
Apenas temos que seguir os passos do que já está determinado. “Recuar quando preciso, porém sem desistir”.
Voltando ao conceito do assunto; eu então estava segundo a minha mente entrando pelo portal de chifre, onde eu só poderia recuar, porém aceitar as condições e depois refletir o acontecido.
Comecei uma grande jornada, parecia um logro de uma enorme caverna a minha frente, escura. E pude sentir o cheiro impregnado de barro úmido. Raspei com o dedo para assegurar e observei debaixo das minhas unhas a massa de barro que permaneceu. Olhei para meu lado direito e vi uma fresta bem pequena, abaixei para passar, mal pude me encolher e atravessei do outro lado. Era um templo de imaginações que pude percorrer com os olhos rapidamente. Muita coisa para se apreciar num estalo de antiguidades.
— Será que eram meus olhos que estavam criando tudo aquilo ou minha imaginação?
Fiquei com medo de ser a minha imaginação criando outro obstáculo para se aprofundar numa outra escala de dimensões.
Fiquei perplexa! Em todos os sentidos tinha vida, num sentido de fantasia. A criação perfeita, o cheiro exalando o perfume de cada coisa, a massa criadora dentro da irrealidade.
Bom, estou pasma por completo. Fiquei parada observando, depois comecei dar meus primeiros passos; pude sentir o peso de cada inseto, sua vida dentro de seu ser. O cheiro do seu medo. Eu senti que seu medo era real por um instante, apreciei e respeitei.
Segui minha jornada, mas desta vez estava numa encruzilhada; havia passagens por todas as partes e não sabia qual me arriscar. Tentei uma passagem perto dali, a mais escondida das outras. Entrei e não conseguia ver nada, apenas sentir minha própria respiração. Por um momento pensei que estava andando em vão, que minhas imaginações haviam terminado quando fui jogada com tudo para dentro numa força tão arrematadora. Estava no chão quando comecei uma varredura com meus olhos, e nunca vi algo tão assustador! Um enorme lobo com suas enormes presas, boca faminta e olhos úmidos de farejador. Era meu primeiro inimigo sonar. Tinha que destruí-lo para continuar minha jornada. — Mas, como iria fazer isso? Eu não sabia ainda dominar meu próprio sonho. Não tinha muito que fazer.
Eu iria morrer na terceira dimensão, isso significaria que eu era muito fraca para continuar. Portanto não mereceria voltar.
Pensando assim, aquele monstro feroz começou me atacar; pude sentir o cheiro do meu próprio sangue.
Comecei a lutar, lembrei que nesta entrada do portal eu podia recuar, mas não poderia desistir.
Minha imaginação fez surgir uma grande estaca de madeira robusta, a estaca era tão real quanto seu peso. Esperei com cautela o animal se aproximar e então enfiei no peito daquele predador noturno com força pra não errar. Senti o cheiro da sua fome pela minha carne, e eu também sei que ele sentiu o pavor que permanecia em meus olhos naquele momento Enfim, o animal caiu e eu pude seguir.
A primeira saga foi derrotada. Tinha que enfrentar várias outras, mas não tinha ideia do que viria.
Continuei com minha primeira arma imaginária que salvou todo meu caminho percorrido. E seu peso, porém estava em minha mente.
Várias passagens estavam ali íntegras, porém não senti continuar por elas. Permaneci parada pra pensar o que fazer, e vi que atrás de mim tinha uma espécie de casa de formiga. Uma bola gigante de terra.
Não hesitei, pulei por cima. Quando abriu uma enorme porta. Parecia que jamais fora aberta.
Embaixo daquela bola de terra existia uma alavanca que só com o peso equivalente; a porta se abriria. A grande onça desenhada acima perto da parede significava o peso ideal. — Mas, quem poderia saber? Talvez fosse desenhado por algum inglês pra determinar o ponto em que a porta se abriria, porém o peso teria que ser exato.
Até que pude entender depois, porque meu subconsciente criou uma forma de passagem exclusiva pra mim e meu ponto de partida seria apenas porque criei algo que só eu saberia decifrar.
Não era de se imaginar que meu subconsciente criaria algo para eu contender comigo mesma. Mas, fiquei feliz em criar algo inesperado.
A porta se abriu e junto dela todos seus mistérios, é uma maravilha quando nossa mente dá vida a tudo quanto desejamos! Parece que o ouro reluz com mais valor do original, o mundo na qual sonhamos passa a existir.
O som passa a ser algo crepitante ao nosso ouvido. Avistei um inseto parecido com uma lacraia, suas cores eram tão vivas que os olhos doíam em se ver. O inseto começou sua trajetória entre todas as peças valiosas que ali permaneciam. No meu entender eu era a única visitante daquele palácio irreal.
Comecei pensar se não poderia existir ninguém além de mim naquele espaço tão aprofundado do meu subconsciente.
Fiquei por um tempo observando aquela possível lacraia atravessar todo aquele território para chegar ao seu destino. Vi uma pequena passagem à frente, ela recuou, porém entrou em seguida. Comecei a cavar o pequeno buraco, a terra estava bem úmida, minhas mãos trabalhavam para eu entender o que havia do outro lado. Quando; uma bola gigante de terra desbarrancou por baixo formando uma enorme cratera. O chão não suportou o peso do meu corpo e fui junto embarrancando afora.
Mais um nível; e eu estaria no submundo!
A descida era real, tão real que pude sentir o sangue ferver em minhas veias, o medo estagnou em mim. — Para onde eu iria chegar?
Gritei.
Se eu fosse mais adiante, não poderia entender o caminho de volta, eu tinha me esquecido de deixar bloqueios, deixei apenas na segunda dimensão.
Fiquei totalmente zonza quando cheguei ao aterro firme, porém caí aproximadamente uns 20 metros. Bem, pelo menos o que eu pude lembrar-me durante o trajeto. Quando cheguei à terra firme achei que iria quebrar meu joelho. Mas, como nos sonhos podemos fazer o que quiser, mantive a queda e dei um salto como se eu tivesse pulado de uma cadeira.
Diante dos meus olhos, não entendi os caminhos arquitetados e manipulados. Se tudo estivesse sendo manipulado por mim mesmo por que não conseguia entender os caminhos traçados na minha cabeça?
Será que algo deu errado e eu não estava mais dentro de um sonho?
Começaram as dúvidas e eu comecei recuar, porque toda a trajetória não estava sendo manipulada por eu mesmo.
Passou por um momento em minha cabeça que eu estava sendo guiada por outro dentro de minha própria mente.
Porque se os caminhos percorridos não eram traçados por mim, alguém estava compartilhando do meu sonho.
Como eu deveria fazer e o que eu deveria planejar pra ter certeza disso?
Por um momento, fiquei parada olhando e fixando uma ideia, até que consegui planejar algo.
A passagem estava ali. A única que havia. Fiquei bem no centro de uns três metros quadrados. Se o participante estava à espera que eu fosse entrar fiquei à espreita de que todos os meus impulsos não eram naturais, então fiquei parada para esperar minha próxima vontade.
Minha vontade era sair por aquela passagem e voltar para meu mundo real. Hesitei aquele desejo e continuei parada, nem sei por quanto tempo. Mas, mantive em mim meu próprio decreto.
Algo não estava saindo como planejado, existia um bloqueio para voltar. Então enfiei as mãos no bolso da minha calça e tirei um pequeno botão feito de osso; Segurei forte e fechei os olhos. Quando abri novamente meus olhos, eu estava numa floresta repleta de arbustos, cipós pra todo lado, aranhas, cobras e outros insetos. Fiquei pasma! Era pra eu ter acordado no mundo físico. Eu realmente tinha me perdido no submundo, ou alguém muito poderoso tinha pleno poder sobre meus sonhos.
Estava completamente sozinha. Comecei andar entre as árvores gigantes, havia desenhos feitos nos troncos das árvores, pareciam mais como símbolos alquímicos, não sei dizer se existia algum significado em minha trajetória por ali. Os sons dos pássaros agora eram tão selvagens, o uivar das feras tentando encontrar alguém de seu bando ou alimento, até o rastejar dos répteis dava para ser ouvido por causa do silencio eterno que permanecia.
Nunca imaginei que fosse tão extraordinário apreciar a mata. Entender a linguagem animal.
Neste exato momento em que tudo se parou no espaço tempo, eu também parei para apreciar a enorme riqueza que estava ao meu redor.
Sentei numa enorme pedra e iniciei uma meditação com meu eu interior.
Fechei os olhos sem medo do que poderia me acontecer. Dentro de um sonho, a meditação talvez fluísse de maneira diferente; eu poderia acordar ou jamais voltar.
Fechei os olhos e vi nitidamente uma enorme montanha, forçava a mente para saber o que poderia estar por trás dela, quando alguém me tocou!
Um homem com barbas enormes e uma espécie de tabardo que cobria seu corpo inteiro, um cajado feito de tronco de árvore; ele segurava seu cajado com a mão esquerda. E com sua mão direita me cutucou para sair daquela floresta. Com uma voz rouca entoou:
— Minha cara jovem, você precisa sair daqui antes do anoitecer, eu explico o caminho.
Eu logo proclamei: Não, meu caro senhor! Estou numa missão e não posso desistir aqui.
— Eu sei do que você está falando, mas isto é muito perigoso. Você jamais vai acordar pra realidade. Você nem tem ideia a que compartimento está do seu sonho agora, ou tem?
— Eu me perdi na segunda dimensão do meu sonho, depois eu entendi que estava sendo guiada por outra pessoa, não consegui sair da irrealidade com o bloqueio que criei.
— Você criou qual bloqueio para se conectar com seu mundo?
— Eu achei um botão feito de osso antes de vir, guardei em meu bolso e fiz uma espécie de auto dedicação.
— Pois você iniciou de forma errada, agora terá que criar algo deste submundo que funcione no mundo real para conseguir voltar.
Vou dar uma dica, pense nos quatro elementos e descubra qual poderia permanecer nos dois mundos.
Imaginei terra, água, fogo e ar, porém nos quatro elementos da física; há os quatro elementos que dão ênfase na teoria do velho sábio.
Teria uma longa trajetória até entender o que aquele homem teria dito ao passar pelo meu caminho e deixar um lembrete que eu teria que decifrar.
Sem entendê-lo não poderia continuar, pois eu não possuía o bloqueio que poderia ser a chave para abrir a porta da realidade.
Agradeci aquele senhor e fui pensando nos quatro elementos. Aquele velho sábio de longe me dizia. – Siga em frente e não estará sozinha, siga sempre ao norte.