Lá estava ele, enxada na mão revolvendo a terra, mãos de quem trabalhou muito na roça para levar o sustento à família, pele grossa e muitos calos, um envelhecimento precoce devido aos anos sob um sol escaldante, denunciavam a sua dura batalha.
Parou um instante apoiando a enxada no solo, apoiou os braços cruzados encima dela e contemplou o horizonte ao mesmo tempo que um filme passava em sua mente.
Foram anos de luta, em sua infância precisou ajudar seu pai que era muito doente, parou de estudar, mal sabia assinar o seu nome, casou com uma mulher maravilhosa com quem teve dois filhos, e prometeu a ele mesmo que eles não teriam a mesma vida dele, nem que suasse sangue seus filhos seriam estudados na vida.
__ Ei, pai, está pensando em quê?
__ Nada, só estou agradecendo a Deus pelo que tenho. Pena seu irmão não estar aqui, mas é um orgulho para mim , ele recebendo um prêmio do livro que escreveu e foi receber em outro país, e você um doutor. Sabe filho eu sofri na vida sem reclamar, e se precisasse fazer tudo de novo eu faria com muito orgulho e com a graça de Deus.
Os dois ficaram ali contemplando o final da tarde, duas almas orgulhosas, uma pelo filho que tinha e a outra pelo pai.


Alexandre Brussolo (06/06/2009)