Fui envenenado por sua beleza
Crédulo em meus sentimentos achei ter encontrado
A mulher minha, bela, meiga e de corpo exuberante
Mas como poderia ela amar um zé-ninguém, eu, figura errante
Então fui envenenado por sua beleza e tornei-me um coitado
Sofri silente por noites sua cruel e dorida dominação
Fui seu escravo, servo, homem e capacho
E eu que pensava que seria seu único macho
Sofri a fria e silenciosa, excruciante condenação
Mas a desejada liberdade, a crença na igualdade
Num dia sem luar chegou, mas forte do que eu
Então rasguei as páginas negras dessa maldade
Deixei de ser um verme, um mero Romeu
Afirmei meus direitos e me tornei em verdade
Um grande homem que ela jamais esqueceu
Robert Thomaz