Urra no extenso território afro
a grande fera de sangue quente
dizendo que vai caçar algo
para saciar a fome que sente.


De olhos fixos em sua presa
prepara a disparada fatal
para levar à sua fortaleza
a carne para o banquete real.


Marchando pela densa mata espreita,
cabeça erguida e passos majestosos,
a flora e a fauna que ele respeita
acabando na rede de caçadores maldosos.


Encobre-se a floresta de luto
com a ida do grande rei
que assustado olha tudo
sem saber o que ele fez.


Terminando sua longa viagem
dói seu grande e real coração
que num urro desesperado e selvagem
percebe que é a grande atração.


Trancafiado em seu aposento real
que mais parece uma prisão
relembra de um tempo que era o maioral
onde seu urro causava muita agitação.


Uma lágrima cai da tristeza
que sente agora uma fera ferida
que outrora era só beleza
onde sabia o que era a vida.


Alexandre Brussolo (11/07/1990)