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A RENÚNCIA DO PAPA

Pode-se dizer que nunca um Papa teve tanta influência na escolha de seu sucessor quanto Bento XVI, que anunciou sua saída do comando da Igreja Católica para 28 de fevereiro. Substituto do carismático João Paulo II, o cardeal alemão Joseph Ratzinger soube, desde o início, que teria um papado curto e cheio de desafios, como os casos de pedofilia protagonizados por padres em vários cantos do mundo e o crescimento de outras religiões cristãs.
Considerado um conservador, Bento XVI confirmou várias das posições que já eram esperadas: manteve o catolicismo contrário ao homossexualismo, ao aborto, ao uso de preservativos – assuntos que interessam muito especialmente aos jovens. Por outro lado, tentou abrir diálogo com a juventude em outros campos, buscando renovar os ares do Vaticano, e conseguiu uma mobilização para a Jornada da Juventude que acontece neste ano no Rio nunca antes vista.
Mas não passaram os dias de Bento XVI sem várias gafes no relacionamento com judeus e muçulmanos, sem a lembrança de sua passagem pela juventude nazista, sem a demissão do presidente do Banco do Vaticano, sem que documentos sigilosos fossem revelados pelo seu próprio mordomo – em suma, Bento XVI não teve vida fácil à frente da maior potência religiosa do mundo. E já havia dito, em livro, que cogitava a hipótese da renúncia.
A questão da renúncia papal, que aconteceu pouquíssimas vezes (a última no século 15), no entanto, mostrou que Joseph Ratzinger era mesmo o “político” que o Vaticano esperava quando o escolheu, em 2005. Anunciar a renúncia em pleno Carnaval, numa reunião ordinária com cardeais, não foi um ato aleatório – visava chamar atenção para a própria igreja. Datar a sua saída para uma semana depois de um evento em que Bento XVI irá empossar novos cardeais, que formarão o colégio eleitoral que definirá o seu sucessor, também é claramente um movimento estudado.
Como um enxadrista, Bento XVI parece recuar, mas, na verdade, avança. Geralmente, o fim de um papado acontece com a surpresa, com a morte do pontífice – caso marcante, por exemplo, o de João Paulo I, que ficou pouco mais de um mês à frente do Vaticano. Bento XVI reverteu essa surpresa, dando aos cardeais tempo suficiente para definir qual será o melhor comandante para os rumos e desafios futuros do catolicismo. Não é demais se imaginar que o próprio Papa esteja envolvido nas articulações para a escolha do sucessor.
A primeira reunião do Papa com alguns padres da diocese de Roma já deu mostras que os alegados problemas de saúde não tiraram de Bento XVI o discernimento. Ele afirmou que não sofreu pressões políticas para deixar o cargo, mas disse que é preciso superar as rivalidades dentro da própria Igreja, falando sobre "divisões do corpo eclesiástico", que põem em perigo a sua unidade e que "desfiguram a face da Igreja". Mensagens claras, para quem quiser ouvir.
O fato é que, em 28 de fevereiro, Bento XVI – sem o artifício do suicídio, utilizado por outros líderes políticos – sairá do comando da Igreja Católica para entrar na História, pois a comoção causada pelo gesto e as articulações que se seguiram (e, certamente, vão ganhar força até o conclave que escolherá o novo Papa), provavelmente, farão com que a Igreja siga, daqui para frente, exatamente o rumo que Bento XVI, ou melhor, Joseph Ratzinger, sempre quis.

(Publicado no JORNAL ITABORAÍ de 15/02/2013)

 
   
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