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FAIR PLAY NO ESPORTE E NA VIDA

O que um esporte que imita
a guerra nos ensina sobre etica

Todos os esportes coletivos praticados na atualidade são imitações ritualísticas das guerras, tão comuns na História humana que, de certa forma, determinam como essa História é contada. Mesmo os esportes individuais de confronto (box, tênis, artes marciais, xadrez) reduzem a guerra ao confronto homem a homem, ao duelo. Não é de se espantar que a belicosa sociedade grega da antiguidade tenha criado os jogos olímpicos que eram, em suma, uma grande competição entre os seus maiores guerreiros, nem é difícil de entender porque as Olimpíadas ressurgiram em pleno apogeu do imperialismo europeu, no final do século XIX.
As grandes competições esportivas mundiais, como a Olimpíada e a Copa do Mundo, escondem no discurso do “congraçamento universal” uma disputa entre nações, em que cada povo quer vencer sua guerra particular. A festa de hinos e bandeiras, os cumprimentos entre os atletas antes e depois dos jogos, escondem, da mesma forma, o desejo de suplantar o adversário, muitas vezes usando recursos que abandonam a ética e a honra. Na Copa do Mundo, a nossa “pátria de chuteiras” entra em campo e, quando vence, faz do povo brasileiro – sempre ufanista e desmedido – o triunfo dos colonizados sobre os colonizadores.
Vamos a exemplos recentes. O gol de mão do craque argentino Maradona na Copa de 86, apelidado por seus compatriotas de “a mão de Deus”, permitiu que a equipe prosseguisse na competição, chegando ao título. Ele foi e ainda é comemorado pelos nossos hermanos, e entrou para o folclore do futebol. Já o gol de mão que eliminou a Irlanda e classificou a França para a copa de 2010 poderia ter sido chamado de “a mão do Diabo”, dada a forma como foi tratado pela imprensa, pela sociedade francesa e pelos próprios jogadores de futebol. Os efeitos da classificação antiética da França para a copa levaram a uma desclassificação na primeira fase da competição.
Faltou ética a Thierry Henry, o craque francês que se aproveitou do descuido do árbitro e classificou sua equipe para a Copa do Mundo, assim como faltou ética a Diego Maradona em seu lendário gol de mão. Mas não vamos eximir os brasileiros de agir de forma antiética, pois os exemplos são muitos. O passo a frente de Nilton Santos, depois de cometer um pênalti na copa de 62, para iludir a arbitragem, os jogadores “cai-cai”, que se jogam a toda a hora para simular faltas, ou, seguindo para outros esportes, o sempre incensado Ayrton Senna jogando Alain Prost para fora da pista e conquistando um título mundial de Fórmula 1, a equipe de Vôlei de Bernardinho perdendo de propósito para enfrentar um caminho mais fácil no campeonato mundial. Dava para citar uma centena de exemplos.
Enquanto o esporte imita a guerra, nos Jogos Mundiais Militares o Brasil, ávido por uma vitória no quadro de medalhas (o que acabou acontecendo) incorporou às forças armadas grande quantidade de atletas olímpicos, que receberam bolsas e patentes. Bom para os atletas, que se preparam para o Pan-americano de Guadalajara e as Olimpíadas de Londres, e bom para os militares, que aumentaram sua força na competição esportiva. A desculpa era simples: na China, todos os atletas de ponta fazem parte das Forças Armadas e seria impossível ganhar a competição de outra forma. A questão é: vale qualquer coisa para vencer?
Afinal, o que um esporte que imita a guerra pode nos ensinar sobre ética? Quando o chamado “fair play”, ou jogo justo, é desprezado por um jogador em campo, como no caso do atacante Kleber do Palmeiras nesta semana, o que o futebol quer dizer à sociedade? Quando comentaristas esportivos, jogadores e ex-jogadores de futebol e torcedores defendem um jogador que, ao invés de devolver a bola ao adversário – como manda a ética e a boa educação – prefere partir com a bola em direção ao gol, o que esperar da sociedade em que eles vivem?
O jogo entre duas equipes como Palmeiras e Flamengo também reduz ao seu microcosmo o clima da guerra, a luta entre nações, os hinos, as bandeiras, a batalha. Kleber, o atacante em questão, não é chamado de “Gladiador” à toa. Quem defende sua atitude se apóia no fato de que o “fair play” não está na regra do futebol, esquecendo-se que o “jogo limpo” está na regra da vida. No dia-a-dia chama-se ética, numa guerra chama-se honra. Como bem diz o Instituto Ethos, entidade brasileira que prega a ética concorrencial (isto mesmo, ética entre empresas, porque o capitalismo selvagem não pode mais ser a regra), não existe meio termo para a ética: ou você é, ou não.
A falta de ética leva ao conhecido “jeitinho brasileiro”, à propina tanto ao guarda de trânsito quanto ao político de alto escalão, a ocupar os lugares para idosos e deficientes nos transportes públicos, ao desvio de verbas, à concorrência desleal entre empresas, às fraudes em vestibulares, aos juros altíssimos dos bancos, financeiras e agiotas, às escutas telefônicas ilegais dos arapongas ou dos jornais ingleses, à pirataria, à destruição do patrimônio ecológico, ao policial que age como bandido, matando uma criança com um tiro pelas costas, quando deveria defender a sociedade – a falta de ética está na base de todos os problemas da sociedade.
A falta de “fair play” no futebol, ou em qualquer outro esporte, é apenas um quadro reduzido da convivência humana – que ainda está longe de chegar às regras de honra e civilidade do xadrez, o único esporte em que o “fair play” está na regra.

(Direitos reservados)

 
   
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