Efuturo: Correntes na Alma

Correntes na Alma

Correntes na Alma
07/10/2016
Arquimedes Estrázulas Pires
As borboletas só conseguem voar depois que se libertam do que lhes envolve o ser. Depois que deixam a crisálida é que as asas batem e a vida voa!
Só depois que você se desengancha daquilo que te prende, que te mantém mental e emocionalmente imóvel e te faz sentir sem nada que faça a vida valer a pena, é que a liberdade se insinua e você percebe que só o sentimento errado te mantinha sob a pressão de correntes invisíveis.
Já disse, alhures, que “somos as marcas que vamos deixando por aí”. Mas se permitimos que outras marcas sejam colocadas na nossa vida, mesmo que sejam exemplarmente boas, agradáveis e dignas, mas se não são nossas, então nos colocamos diante de nós mesmos como seres incapazes de perceber que “ser” é tarefa que precisa ser cumprida com responsabilidade, dedicação, determinação, confiança e fé.
Essa, entretanto, é tarefa que precisamos cumprir em companhia apenas de nós mesmos. Não é possível imaginar que possamos ser um pouquinho de cada uma das pessoas que nos cercam. Sejam elas boas pessoas, ou não.
Não é possível que na doce ilusão de agradar a quem talvez jamais tenha se envolvido, de verdade, com os nossos problemas, para nos ajudar, ainda que apenas com ideias, nos comportemos como se fôssemos quem os outros querem que sejamos. Não somos!
Somos individualidades cósmicas, tenho dito com base no que aos poucos tenho aprendido com sábios universais a quem usualmente consulto em busca de saber. Sábios que povoam o nosso ser, as nossas orações, os nossos pensamentos, o nosso sentir e o nosso saber.
E todos podemos fazer assim!
Se olharmos para o interior de nós mesmos com a convicção de que aí e não em outro lugar encontraremos a explicação para tudo de nós, então encontraremos a essência divina que nos identifica como partículas de Deus.
E alguém já disse que se somos partículas do Criador, também podemos criar!
Podemos criar coragem de olhar nos próprios olhos, diante do espelho, e confabular. Podemos criar um clima emocional favorável à discussão de ideias que nos acrescentem, quando em conversa com as pessoas que eventualmente conflitem conosco. Podemos criar uma atmosfera de Luz, ao nosso derredor, pensando coisas boas e nutrindo sentimentos que vibrem na mesma frequência dos sonhos e das esperanças que nos fazem andar adiante.
E podemos criar condições para que o Espírito que somos possa, descontraída e livremente, identificar os pontos de atrito com a realidade escolhida e de pronto esquecida pelas distrações de agora. E então poderemos tomar decisões que nos favoreçam nessa busca incessante de saber quem somos, e encontrar os caminhos capazes de nos conduzir à realização de nós mesmos.
Pra todas essas coisas sempre haverá a melhor inspiração e a intuição mais adequada, a nos indicarem caminhos, ideias e atitudes. Mas é preciso querer. Como dizia Sêneca, na velha Roma dos Césares, “nunca haverá vento favorável, a quem não sabe aonde quer ir”.
Sempre haverá uma tormenta arrodeando, um vento mais forte, um medo que ataca, um sonho que busca, um horizonte que espera, um amigo que abraça e um Anjo Guardião.
Escolher com o que ou quem queremos seguir viagem é coisa que só nós podemos decidir. Nenhuma decisão de fora fará feliz o nosso “eu”, porque só “eu” conheço das minhas necessidades, das minhas carências e dos meus anseios.
Por isso precisamos ser absolutamente verdadeiros no trato com os nossos sentimentos!
Todos somos grandes ou não, fortes ou não, capazes ou não. Só depende de como nos sentimos. Mas todos somos do tamanho dos sonhos que temos e da Luz que nos envolve, quando a buscamos, e que nos faz brilhar aos olhos daqueles que nos querem bem.
Quando pensamos assim e assim sentimos a vida, o resto passa a ser só... resto. E a vida volta a ser como a cantiga do grilo, que continua e... continua e... continua... Mesmo que seja noite alta e nos pareça que há apenas umas poucas estrelas no céu.
E então a esperança nos acha, o dia amanhece, o sol aparece e... tudo se ajeita e fica bem.
Não importa se por muito ou se por pouco tempo. O importante é que fique bem, agora. Se houver desencontros, logo mais, a gente pára e ajeita tudo de novo. Mas esse ajeitar tudo de novo só pode ser... se houver esperança e a presença de Deus.