POR ONDE ANDAS?
POR ONDE ANDAS?
Nunca mais pude vê aqueles olhos de desejos ardentes
e que mesmos selvagens
miravam o azul do céu...
E tua alma irrequieta, como os beija-flores
nas ramagens,
que gostam de sugar os brotos pelas selvas?
E teus lábios que ainda não recebia o sabor do beijo,
mas experimentava o azedo do maracujá
e a suculenta polpa do imbu?
E onde estão teus porta-seios que os escondia
no armário,
que sempre ocultavam as tuas curvas?
E onde anda agora teus sonhos de menina
que ansiavas
envolver-te num delírio cândido?
E o colégio São Pedro, e a praça florida onde
passeavas
com teu blazer azul, em frente à igreja?
Os anos roubaram...
Não existe mais aquela rua amarela de areia
e aquele coreto vermelho lá na praça,
onde tu sentavas com tuas amigas,
na tua cidade natal...
Quanto tempo faz que tudo já perdemos
e nós há muito tempo não os vemos mais...
Eu já não visto aquela jaqueta cinza,
também não caminho mais
de pés descalços,
e nem caço passarinhos
pelos ramos...
Por onde anda o meu primeiro amor
aquela menina de rosto trigueiro,
de corpo escultural
e de olhos cor do mel,
que jamais será esquecida?
Os anos roubaram,
em associação com a vida...
(Francisco de Assis Silva)