Efuturo: Vivissecção (Protesto)

Vivissecção (Protesto)

Estrelas ignoradas,
terra azul mal freqüentada...
é só o que vejo nesses olhares
grudados no centro cavado
deste imundo buraco,
habitado por seres malvados,
infectando o bonito espaço.

O silêncio canta e a lua quase dança
no mesmo compasso.
As estrelas reluzem no mesmo passo
e Deus, lá do seu trono,
distribui amoroso abraço
a todos os seres do nosso mundo.

Mas ninguém nota!
Ou mesmo cuida do que é seu.
São precisos milhares de movimentos esclarecedores
e nem assim a consciência se abre.
E aquele animalzinho indefeso,
vai pra mesa dos cientistas e vivo é retalhado.
Ninguém sabe ou quer saber
quantos deles vão morrer.

E Deus meneia a cabeça tristemente!
Estão matando o amor,
exterminando o bem que Ele nos fez
criando reinos para esta morada,
almas estagiárias, aprendizes...
e o que quase ninguém sabe,
futuros seres humanos;
Infelizmente sem mais direito
a crescer interiormente seu grau evolutivo
ou a viver sem dor.

É por isso que o homem nasce revoltado
e como criatura humana depois revida
o que a memória grita.
É por isso que o terráqueo mata
e traz a alma covarde para a vida.
É por isso que o homem outrora foi puro
e um anjo inicia seu ciclo com patas.

Você aí, mancomunado com essa atrocidade,
acha que eles não sentem, não têm medo,
não gritam a Deus por socorro
esses seres indefesos?
Então, viva nas ruas sem lar e sem dono...
com fome, com sede, com medo,
chutado, enxovalhado sem saber porque;
Viva por cima de outros seres,
abandonado num cercado de arame,
cheio de feridas, doenças,
entregue ao vilão humano.

E depois, debata-se, pouco importa
e sinta a lâmina rasgando-lhe a carne,
extraindo órgãos
e a dor infinita que lhe tira a vida.
E morra como eles morrem,
gritando de dor e por piedade.
E depois, ouça as palmas de viva o homem,
esse troglodita,
quando o inferno comer-lhe as vísceras.

E aqueles que sofreram
vertendo lágrimas dolorosas...
aqueles que se apunhalam a cada notícia
assassina,
esses, lá do outro lado, serão acarinhados,
pelos macios anjinhos
de focinhos molhados.
Suzette Rizzo _ 05/2004

"Chegará o dia em que os homens conhecerão o íntimo dos animais, e, neste dia, um crime contra um animal será considerado um crime contra a humanidade"
Leonardo da Vinci (1452-1519)