Efuturo: Cartas ao Leitor VII (R37.6)

Cartas ao Leitor VII (R37.6)

Em dias de tédios e tempestades espirituais nos vemos obrigados a dizer coisas que vêm à cabeça, sejam elas besteiras ou não. Não sei se o jovem leitor já sentiu isso alguma vez, não pense que estou a justificar algo, o que pode, talvez, ser, mas enfim eu posso ter falado algumas destas besteiras, o que tira o cunho poético deste benfazejo romance. Para lhe mostrar, pois há uma sombra de dúvida em seu perispírito meu amigo, vou falar da natureza. Nada pode ser tão poético como a natureza, a pura linguagem da poesia, o sentimento puro, o amor, o hino dos poetas e escritores.
Dela o vento é a alma, as matas os seus pulmões, as chuvas suas lágrimas que vêm limpar a podridão do mundo e os vulcôes o seu coração, que arde de dor no âmago da tristeza e vomita o sangue grosso incandescente da destruição. O mar e a terra são seus filhos que se unem um ao outro harmonizando o mundo em desordem.
As estrelas são seus presentes e a lua a sua luz, o sol sua vida e as nuvens suas esculturas. Nela tudo se encaixa, tudo tem seu lugar, em harmonia, paz e beleza.
Como vê caro leitor, e quem sabe amigo, a poesia é o puro sentimento que vem de dentro para fora, basta querer e talvez é isso que torna as pessoas menos chatas e os romances mais interessantes.


Alexandre Brussolo (sem data)